26 abril, 2006

Questoes Culturais

Quando tive a minha crise de identidade na faculdade e comecei a procurar livros, filmes e publicações sobre imigração e questões culturais, passei a ver as pessoas com outros olhos. A gente anda por aí e se esquece que cada um tem uma história interessante, seja da família, de parentes. Cada um tem memórias de lugares, de cheiros, de músicas. Pequenos instantes que somehow, marcaram sua vida. Nessa época que foi desencadeada em mim essa vontade pela pesquisa, passei a ver as questões culturais pelo lado emocional e não apenas geográfico ou histórico. A gente estuda no colégio que os imigrantes italianos vieram ao Brasil e foram trabalhar nas lavouras de café, que os japoneses vieram e se dedicaram a horticultura,... Uma visão simplista. Imigração não é apenas o deslocamento de pessoas de um país para outro em busca de melhores condições de vida. Não é apenas um fato empreendedor. Imagine que para uma pessoa imigrar, é porque ela já tentou de tudo no país onde nasceu, onde tem memórias... Imigração é deixar os que você conhece, convive, se relaciona. É deixar o conhecido para enfrentar uma outra cultura, uma outra língua, muitas vezes. Esqueci que as pessoas guardam memórias. Falo isso porque minha irmã, que está na terra natal de meus pais, encontrou a amiga da minha tia. Ela falou das lembranças e de que minha tia tinha deixado um aquário antes de vir para o Brasil. Essa amiga da minha tia se lembra de que chorava toda vez que olhava para ele. E na minha irmã se lembrou da minha tia. Pois é... vendo de uma forma simplista, ela apenas sente saudades. Mas o ser humano não é assim. Simplista. Mecânico. Por muito tempo, me perguntei de quem era a culpa. A verdade é que não existem culpados. A vida é assim. People come and go. Quando entendi isso, passei a sofrer menos. A imigração acontece, os povos se misturam e novos costumes e tradições são incorporados. Lembrei de tudo isso, pois acabei de ler o blog da minha irmã onde ela diz que encontrou descendentes de coreanos da Rússia que assistem novela brasileira, pode? Japoneses (quinta-geração) que se consideram coreanos e ouvem músicas e novelas coreanas. Quinta-geração! É tão difícil manter alguns hábitos na segunda-geração de imigrantes, que direi da quinta? Uma miscelânia. Me senti mais confortável. Saber que existem pessoas como eu, que tem as mesmas questões e que deal with them. As pessoas são muito interessantes mesmo.

Um comentário:

Yuri disse...

Sabe Sá, entendo bem isso tudo. E olha que nem fui muito longe, a família e os amigos estão a 50 minutos de vôo daqui.

Aquele lance de só se dar valor para o que se perde vale muito nessas horas, e a menor das coisas faz você relembrar de toda uma vida como se fosse algo tão distante como algo saido de um livro.

Maluquices não-mecanicas da cabeça de pessoas ^^

beijo!